Vilém Flusser – O MUNDO CODIFICADO // Estudo: Linha e Superfície p.102 a 125
Texto de apoio
How to Orientate Oneself in the World: A General Outline of Flusser's Theory of Media - Author: Bram Ieven, 2003 Disponível em:
http://www.imageandnarrative.be/mediumtheory/bramieven.htm..............................................................................
Flusser classifica as mídias em 3 categorias – imagens tradicionais, textos e imagens técnicas.
As mídias determinam nossa visão de mundo quando esquecemos para que elas servem. Mídias não são representações do mundo, são instrumentos que nos ajudam a nos orientar pelo mundo.
O mundo é caótico por natureza. Cada mídia tem seu meio de organizar e obter informação do mundo. Cada mídia tem um código que induz sua forma de configurar as informações.
Para Flusser, CÓDIGO é “um sistema de signos configurados em um padrão regular.” (2000:83)
AS IMAGENS TRADICIONAIS
Imagens são mediações sobre o mundo e os seres humanos. A leitura dos códigos imagéticos não segue uma ordem, não é linear.
Estas imagens são abstrações do objeto original.
As imagens tradicionais são criadas pela IMAGINAÇÃO humana, e permitem a apresentação de eventos tridimensionais em CENAS bidimensionais. Imagens são abstrações da realidade.
As imagens tradicionais são resultantes da aplicação de um código específico e podem ser lidas por qualquer um que tiver qualquer familiaridade com o mesmo.
A gesticulação (ou sinalização)(GESTURE) é o código mais básico para Flusser.
Para ler e usar os códigos das imagens tradicionais é necessário IMAGINAÇÃO.
Problema colocado por Flusser: esquecer que a imagens são instrumentos criados pelo homem para facilitar sua orientação pelo mundo. Imagens não são o mundo. O extremo domínio da imagem é chamado IDOLATRIA. Questão: o que há por detrás das imagens?
Devemos nos manter atentos a respeito do nosso uso da mídia e da razão para a qual ela foi feita.
O código das imagens tradicionais é recorrente. O tempo é mágico.
O UNIVERSO TEXTUAL
Os textos são fragmentos de imagens (pixels) colocados em ordem linear. Sua função é explicar as imagens. Textos são abstrações de imagens. O código textual é linear. O tempo é histórico.
O conceito de CAUSALIDADE foi inventado pelo universo do texto. Quando os textos se tornam incompreensíveis para seus leitores, estamos diante de uma TEXTOLATRIA.
Dialética entre imagens e textos: textos descrevem imagens e imagens ilustram textos. Este processo levou ao surgimento do texto científico.
Pensamento conceitual: “faculdade de abstrair linhas das superfícies, i.e decodificando-as.” (Flusser 200:11)
Conceituação: “uma habilidade específica para criar textos e para decodificá-los.”
O UNIVERSO DAS IMAGENS TÉCNICAS
Quando os textos se tornaram incompreensíveis, uma nova mídia teve de ser inventada para explicar os textos novamente.
A FOTOGRAFIA - imagem técnica, possui um código diferente dos anteriores. É resultado de um processo tecnológico, da aplicação de teorias científicas (textos): ótica e química. A fotografia é uma abstração de uma teoria científica (abstração de terceira ordem) Não é uma abstração da realidade.
As imagens técnicas são tentativas de explicação de textos e são, por sua vez, um aplicação de textos. (relação ciência / tecnologia).
Embora tenham códigos diferentes das imagens tradicionais, as imagens técnicas ainda são imagens: têm efeitos mágicos.
O código matemático
“... para compreender o mundo, não se deve olhar para ele, nem descrevê-lo, mas calculá-lo. (Flusser 2002:203)
Maior expressão nos computadores – máquinas de calcular.
Rejeição das idéias de causalidade, historicidade e linearidade.
A questão dos aparatos
Tanto a câmera quanto o computador são APARATOS – sistemas que trabalham com um programa que os permitem criar figuras ou calcular dados.
Perigo: a liberdade humana está atrelada à faculdade de dominar e subverter o código.
Para Flusser, os seres humanos não são mais o centro da sociedade, mas mero conectores entre diferentes aparatos (1997:88).
Instauração do tempo PÓS-HISTÓRICO e das POSSIBILIDADES (substuindo) as CAUSALIDADES. Mudança de elite intelectual, de letrados a tecnólogos.
Fim